As marcas do DNA: Por que algumas pessoas têm mais tendência a formar queloides?
As queloides são cicatrizes que crescem além do local da ferida original. É como se o corpo “esquecesse” de parar a cicatrização e continuasse produzindo colágeno, formando uma marca elevada, rígida e às vezes dolorida ou com coceira.
Além de fatores externos, como infecções, atrito da pele ou tensão no local da lesão, a genética tem um papel importante. Pessoas com histórico familiar de queloides, ou com ascendência africana, asiática ou latino-americana, apresentam risco maior de desenvolvê-las.
Pesquisas recentes mostraram que mudanças específicas no DNA (chamadas variações genéticas) podem influenciar como o corpo reage à cicatrização. Essas variações afetam genes ligados à produção de colágeno, à regeneração da pele e à resposta inflamatória. Quando há um desequilíbrio nesse controle, o corpo pode produzir colágeno em excesso — e a cicatriz continua crescendo mesmo depois de a ferida já ter fechado.
Cientistas identificaram regiões do DNA associadas a essa predisposição, incluindo genes envolvidos na regulação da resposta do tecido após lesões e na atividade dos fibroblastos, células responsáveis por formar o colágeno. Esses achados ajudam a entender por que algumas pessoas têm mais tendência a formar queloides mesmo em ferimentos pequenos, como furos de brinco ou cortes leves.
Você sabia?
- As queloides são de 5 a 15 vezes mais comuns em pessoas com pele mais pigmentada.
- Elas não desaparecem sozinhas e podem voltar mesmo após cirurgia.
- As áreas mais afetadas são o lóbulo da orelha, peito e ombros, que sofrem mais tensão da pele.
- O nome “queloide” vem do grego chele, que significa “garra”, por causa da forma irregular da cicatriz.
- Novas pesquisas buscam tratamentos genéticos e terapias que controlem a produção de colágeno, prevenindo o reaparecimento das queloides.
Em resumo
As queloides são resultado de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Saber se existe predisposição pode ajudar médicos e pacientes a cuidarem melhor da cicatrização e escolherem estratégias de prevenção e tratamento mais adequadas.
Referências:
Dand et al., Journal of Investigative Dermatology, 2024.
Deng et al., Nature Communications, 2023.
Sadiq & Bayat, Textbook on Scar Management, Springer, 2020.

