Engana-se quem pensa que o alcoolismo é somente uma questão de saúde mental. Há muitos outros fatores envolvidos nessa doença multifatorial, incluindo predisposições genéticas.

Um dos genes mais estudados em relação ao alcoolismo é o DRD2 (receptor de dopamina D2). Esse gene está envolvido no sistema de recompensa do cérebro, regulando a produção e a atividade dos receptores de dopamina.

O gene DRD2 tem sido associado a uma variedade de comportamentos aditivos, incluindo o consumo excessivo de álcool. A dopamina é um neurotransmissor crucial para a sensação de prazer e recompensa. Quando uma pessoa consome álcool, há um aumento na liberação de dopamina, criando uma sensação de euforia. Indivíduos com certas variações do gene DRD2 podem ter receptores de dopamina menos eficientes, o que pode levar a uma maior necessidade de estímulo para alcançar a mesma sensação de prazer. Isso pode resultar em um maior risco de desenvolver dependência de álcool.

 

Maneiras de Prevenção a partir do Conhecimento do Risco Genético

Com o avanço das pesquisas genéticas, é possível identificar indivíduos com maior predisposição ao alcoolismo através da análise do gene DRD2 e outros genes relacionados. Este conhecimento pode ser utilizado para desenvolver estratégias de prevenção personalizadas, incluindo:

  1. Educação e Conscientização: Pessoas que sabem ter uma predisposição genética ao alcoolismo podem ser educadas sobre os riscos específicos que enfrentam. Isso pode incluir informações sobre como o álcool afeta o cérebro e o corpo, e a importância de limitar ou evitar o consumo de álcool.

  2. Intervenções Precoces: Indivíduos em risco podem se beneficiar de intervenções precoces, como acompanhamento psicológico e programas de prevenção ao uso de substâncias. Estas intervenções podem focar em técnicas de enfrentamento, habilidades de resolução de problemas e apoio social.

  3. Acompanhamento Regular: Monitorar regularmente os hábitos de consumo de álcool pode ajudar a identificar sinais precoces de abuso ou dependência. Profissionais de saúde podem utilizar ferramentas de triagem para avaliar o risco e intervir quando necessário.

  4. Suporte Familiar: Envolver a família no processo de prevenção pode ser extremamente eficaz. Famílias bem informadas podem fornecer um ambiente de apoio, ajudando o indivíduo a manter comportamentos saudáveis e a evitar situações de risco.

  5. Intervenções Farmacológicas: Em alguns casos, medicamentos que modulam os sistemas dopaminérgico e opioide no cérebro podem ser utilizados para ajudar a reduzir os desejos e o consumo de álcool. A necessidade do tratamento deve ser avaliada por uma equipe multiprofissional.

Conhecer a predisposição genética ao alcoolismo, especialmente em relação ao gene DRD2, fornece uma poderosa ferramenta para a prevenção e o tratamento. Abordagens personalizadas baseadas no perfil genético podem aumentar significativamente a eficácia das estratégias de prevenção e ajudar a mitigar o risco antes que o problema se estabeleça.

24 de maio de 2024 — Rodrigo Matheucci